Quem do outro se compadece de si mesmo lembra. (George Helbert)
Vamos dividir esse estudo em 4 partes. Primeiro, mostraremos a história da parábola do bom samaritano. Depois, citaremos reflexões, abordagens e estudos (pregações) sobre o tema. Essas abordagens serão: “Três maneiras de viver a vida“, “A diferença entre amar e gostar” e “Tornando-se próximo“.
Então primeiro vejamos a história:
A parábola do Bom Samaritano (história)
Certo dia um doutor da lei perguntou para Jesus:
– Mestre, o que posso fazer para ter a vida eterna?
Jesus respondeu:
– O que está escrito na lei, como você interpreta?
Ele disse:
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Lucas 10:27
Jesus disse:
– Muito bem, isso mesmo. Fazendo isso você terá a vida eterna.
Mas o doutor, querendo justificar a si mesmo, continuou:
– Mas quem é o meu próximo?
Então Jesus contou a seguinte história:
– Um homem descia de Jerusalém para Jericó e no caminho foi assaltado. Os ladrões o deixaram quase morto, roubaram tudo o que tinha e bateram nele.
Depois de algum tempo um sacerdote passou por ali e vendo o homem se esquivou e passou de longe.
Um levita que passava por ali também passou de largo quando avistou o homem.
Mas um samaritano estrangeiro que viajava por aquele caminho quando viu o homem teve compaixão dele. E aproximando-se, tratou de suas feridas e o levou para uma hospedaria.
Pagou duas moedas para o dono da hospedaria e disse:
– Cuida dele enquanto eu estiver fora, e quando eu voltar te pagarei o que faltar.
Jesus perguntou ao doutor da lei:
– Quem foi o próximo do homem que caiu na mão dos assaltantes?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele.
Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Lucas 10:37
Referência completa: Lucas 10:30-37
Aplicações
“A pior coisa que pode acontecer a um ser humano é ele se enclausurar dentro do próprio ego. É viver alheio ao sofrimento do próximo. É viver apenas para sua própria satisfação.”
Primeira abordagem: Três maneiras de levar a vida
Os assaltantes pensavam da seguinte maneira:
O QUE É MEU É MEU; O QUE É TEU DEVE SER MEU TAMBÉM
Esse tipo de mentalidade olha para o próximo com a intenção de tirar vantagem dele. Está certo que poucos de nós chegaríamos ao ponto de assaltar alguém, mas quanto vezes não nos aproximamos de alguém para conseguir alguma coisa para nós mesmos? Quantas vezes não cobiçamos aquilo que é do outros, sentindo inveja de seu sucesso, de sua casa, de sua família?
Essa mentalidade egoísta sempre nos levará para longe de Deus e para longe de qualquer felicidade verdadeira.
O pensamento do levita e do sacerdote pode ser expresso da seguinte forma:
O QUE É MEU É MEU; O QUE É SEU É SEU
O levita e o sacerdote representam as pessoas religiosas, que conhecem a lei de Deus detalhadamente, mas não entendem o real sentido dela. Provavelmente o homem que foi assaltado na parábola estava sujo de sangue, ferido. Se os religiosos tivessem tocado nele ficariam “impuros cerimonialmente” e não poderiam entrar no templo. Por isso, preferiram passar ao largo, cuidar de sua própria vida.
Muitas vezes nos esquivamos daqueles que precisam de ajuda porque não queremos tocá-los. Não achamos que vale a pena gastar nosso tempo, energia, disposição. No fundo, não queremos nos envolver porque pensamos “cada um por si, Deus por todos, e o diabo que carregue o último!”
Esse tipo de vida essencialmente egoísta é marca registrada da nossa sociedade. Se não prestarmos atenção estaremos cuidando apenas de nós mesmos e de nossa família. Precisamos lembrar da pergunta de Jesus:
Mas se vocês amam apenas o que vos amam que recompensa terão? (Mt 5:46)
Por último, Jesus apresenta a figura do bom samaritano. A mentalidade dele poderia ser resumida assim:
O QUE É SEU É SEU, MAS O QUE É MEU PODE SER SEU TAMBÉM
O bom samaritano enxergou o outro como parte de si. Ele entendeu o verdadeiro sentido do reino de Deus.
Amar e gostar
Muitas vezes podemos confundir “amor” com “gosto”.
Gostar é ter prazer em alguém, curtir sua companhia, admirar alguma qualidade. As pessoas que gostamos são nossos amigos, nosso cônjuge, nossos filhos. Mas Jesus não exige que gostemos de todas as pessoas, aliás, ele mesmo parecia não gostar de algumas pessoas, como os religiosos de sua época que eram hipócritas. Jesus pede que amemos a todos e amar não é ter prazer ou curtir alguém, amar é querer e agir pelo bem de alguém.
Nossa sensibilidade é volátil, as vezes não simpatizamos com a “cara do fulano” ou nos sentimos irritados com determinadas personalidades, mas não precisamos nos achar condenados por isso. Desde que não deixemos de amar essas pessoas não estaremos pecando. O fato de não gostarmos de alguém não nos impede de amá-la, apenas torna o processo um pouco mais difícil. Jesus extrapolou esse limite chegando a estabelecer “amai os vossos inimigos”. Ora, há alguém mais desprezível para nossa sensibilidade do que um inimigo?
Faça-se próximo
Na história contada por Jesus apenas um homem se fez próximo. E se fez próximo não só porque viu aquele que necessitava de sua ajuda, mas porque agiu, interferiu e transformou a sua realidade, enfaixando as suas feridas e o colocando em cima de seu burrinho.
Nos cultos costumamos ouvir muitas vezes “vire para seu irmão ao lado e diga que o ama”. Bem, é verdade que podemos profetizar isso por fé, mas é importante que sempre tenhamos bem claro em nossa mente: não é possível amar sem se tornar próximo. E não é possível se tornar próximo sem conhecer e agir em favor do outro.
Quando você senta, por exemplo, ao lado de uma senhora que passou o culto inteiro chorando, você tem duas opções: Você pode continuar louvando de olhos fechados ou você pode perguntar o que aconteceu a senhora, orar por ela, pegar seu telefone e visitar o seu marido doente.
Apenas aqueles que escolherem a segunda opção estarão se tornando verdadeiramente próximos.
Jesus nos incentiva: Chegue mais perto das pessoas, conheça seus problemas, ore por elas, compartilhe a sua dor. Torne-se próximo!
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