O Gaúcho e o Evangelho (Poesia)

Numa manhã de domingo

Me peguei meditando

E estava mesmo analisando

O que é um gaúcho de verdade

Deus me livre da vaidade

Mas neste tiro empenho meu cartucho

Pra dizer que a marca de um gaúcho

Com certeza é a hospitalidade

 

Desde os tempos dos andantes

Que enfrentavam a lida bruta

Em meio a toda esta labuta

Cortando a cavalo este chão

Do tropeiro até o patrão

O que mais se carecia

Era que ao chegar o fim do dia

Alguém lhe oferecesse um galpão

 

Com foi lindo esse tempo

Era costume da minha gente

Ter um canto pra hospedar um vivente

Que por ali estivesse passando

E era só ir se aprochegando

Que do fogo já sentia o cheiro

E se ouvia um: Passe pra dentro companheiro

Era o dono do rancho que estava esperando

Um mate nunca faltava

Quando entravam, já estava cevado

Sentavam num cepo com o chapéu ao lado

E começava a passar de mão em mão

Aquela cuia de chimarrão

Que por ali ficava passando

Era como se tivessem entregando

O meu próprio coração

 

Charque gordo

Tinha à vontade

E digo com sinceridade

Que sinto o gosto só em falar

Dessa comida sem par

Que de tão boa não precisa nem chuchu

É o prato principal de qualquer xirú

Carreteiro de charque, igual outro não há 

 

Mas seguindo o raciocínio

Me lembrei então de Cristo

Mas por quê eu digo isto?

O que Ele tem a ver com hospitalidade?

Pois vou lhes dizer uma verdade

E já vai dar pra entender

Este dom de acolher 

É a maior marca da divindade

 

Deus e Santo

E Não se mistura com pecador

E em matéria de pecado, eu sou professor

Entendi que de Deus nasci afastado

Me “espernei” de tudo quanto foi lado

E no peito era só um vazio

Tudo era escuro e frio

Me sentia igual um bezerro abandonado

 

Até que tudo mudou

O Patrão abriu o rancho da minha mente

Mandou Seu Filho de repente

E habitou no meu coração

Encaminhou tudo em outra direção

E esta obre divina

Que no meu ser fez uma faxina

Foi quem me deu a Salvação

 

Eu não fiz por merecer

Ele quem me deu acesso

E pra vocês eu confesso

Num jeito humilde e fraterno

Tal qual um amor materno

Fui recebido por Jesus

Que abriu as porteiras através da cruz

Pra me hospedar em Seu rancho eterno

 

Por: Samuca é discípulo de Jesus, músico, pai de família, apaixonado por Deus e por Sua Palavra.

https://www.instagram.com/samucadoacordeon/ 

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