No dia em que Jesus se despiu, tomou a toalha e lavou os pés dos discípulos, Ele nos ensinou o que realmente é discipulado (João 13:14,15). Tudo se trata de ensinar pelo exemplo. O que dizemos vai impactar a vida do discípulo de algum modo, mas o que fazemos vai formar, vai incentivar.
João 17:19 (NAA)
E a favor deles eu me santifico, para que eles também sejam santificados na verdade.
Jesus sabia que os discípulos só se santificariam por verem o próprio Senhor se santificando. Eles viram Jesus sofrendo sem murmurar, sendo tentado sem pecar, sendo ultrajado sem revidar. Eles viram Jesus orando, jejuando, ouvindo e agradando ao Pai.
O padrão de Deus para um discípulo
1Coríntios 11:1
Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.
O Senhor requer dos discípulos um padrão elevado de vida: que sejamos semelhantes a Jesus.
1João 2:5-6
Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.
O discipulado pode ser traduzido na seguinte expressão: Alguém imita a Cristo e torna-se modelo para ser imitado. Portanto, o discipulado é um fluxo de vida que passa do Cabeça para os membros e destes para os demais. Esse fluir de graça age mudando hábitos e moldando o caráter.
Necessitamos viver esse padrão e ensiná-lo aos discípulos. Estes devem ter toda a clareza sobre como viver para agradar a Deus. Precisamos, inclusive, corrigir os que se desviam do padrão de conduta que convém aos santos.
Efésios 5:1-2
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.
Paternidade x padrão
Estes dois aspectos devem se manter elevados: a paternidade e o padrão. Se o discipulador deixar enfraquecer algum dos dois aspectos, não fará um bom trabalho. Se ele tiver o sentimento de paternidade elevado e o padrão baixo, será “frouxo” e permissivo com o discípulo, não formando-o corretamente. Se ele tiver padrão elevado e paternidade baixa, será rigoroso com o discípulo, tendendo a um relacionamento de cobrança e não de socorro e ajuda amorosa.
Permissividade e hipocrisia
Existe uma possibilidade de que alcancemos um equilíbrio medíocre, no qual o padrão e a paternidade são baixos. Essa relação é ineficiente para cooperar com o propósito de Deus. Nem há padrão para qualificar o discípulo, nem paternidade para guardá-lo. É o discipulado da indiferença!
O risco da permissividade se dá por alguns motivos. Um deles é a intimidação. Um discipulador, mesmo sendo modelo, pode se sentir intimidado para confrontar o discípulo. A intimidação pode ser por excesso de cautela, por medo de exagerar ou por traumas que geraram inseguranças. Estas dificuldades precisam ser vencidas.
Outro fator que gera permissividade é a falta de qualificação da vida daquele que ensina, pois ele não vive o padrão de um discípulo e sua consciência não o permite cobrar aquilo que não pratica.
O Senhor Jesus elogiou os irmãos de Tiatira por muitas de suas virtudes, mas os repreendeu pela tolerância e permissividade. (Apocalipse 2:20)
Outro problema é a hipocrisia, que ocorre quando o discipulador, mesmo sem ser exemplo, exige do discípulo um padrão elevado. Esse fato traz um efeito devastador! Diante da hipocrisia, o discípulo pode sentir-se injustiçado, desanimado e sair da igreja, ou pode aprender a falar uma coisa e fazer outra, gerando uma cadeia de hipocrisia. Jesus nos alertou contra isso.
Mateus 23:1-4
Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Trecho do 6 capítulo do livro Discipulado: Um guia prático.
Escrito por: Samuel Farias
Samuel é Pastor, Palestrante, Professor de biologia e desenvolve trabalho de suporte missionário na África e Haiti.
O texto acima expressa a visão do autor sobre o assunto, não sendo necessariamente a visão do site.